Sujeição e liberdade no pensamento político moderno
CURSO MINISTRADO POR: Luis Felipe Miguel
VAGAS: 50
CARGA HORÁRIA: 10h
DIAS DO CURSO: 07, 08, 09, 10 e 11/04/2024
Neste curso, será oferecida uma visão abrangente dos escritos políticos de Maquiavel, de More, dos reformadores e de Hobbes, servindo de guia para quem queira conhecer o pensamento político ocidental dos séculos XVI e XVII – e, a partir dele, compreender melhor os desafios de nosso próprio tempo.
Ementa do Curso
A política é uma atividade presente em todas as sociedades humanas, embora possa assumir feições diferentes em cada uma delas. Como costuma acontecer com categorias tão básicas, é difícil produzir um conceito conciso, inequívoco e satisfatório de política. Ela envolve a obtenção e a distribuição de poder e de autoridade, a produção e a imposição das normas que regem a vida em sociedade e também as decisões vinculadas ao futuro comum de seus integrantes.
Sendo um elemento constante das comunidades humanas, era natural que a reflexão sobre a política nascesse já nos primórdios da civilização – como, de fato, ocorreu. Mas é inegável que, por volta do século XVI, houve uma mudança decisiva no modo de pensar a política, da qual somos herdeiros. Os autores que participam desta nova percepção dos assuntos políticos falam mais diretamente a nós do que seus antecessores. Neste sentido, eles inauguram uma nova etapa na história do pensamento político.
Maquiavel, Thomas More e os líderes da Reforma protestante, Lutero e Calvino em especial, são os três momentos mais visíveis da emergência da política moderna. Momentos quase simultâneos, aliás. As duas principais obras de Maquiavel, O príncipe e os Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio, foram produzidas em 1513. A Utopia, de More, é de 1516. E considera-se, como o início da Reforma, o ano de 1517, quando Lutero deu a público suas teses sobre a venda de indulgências pelo clero (embora os textos políticos de Lutero e de Calvino só tenham sido redigidos mais tarde).
A quase simultaneidade de Maquiavel, More e a Reforma não representa uniformidade de conteúdo. Suas obras têm objetivos diferentes, relacionam-se de forma diferente com os eventos da época, estão escritas em estilos diferentes e até tratam de problemas diferentes. O príncipe é um manual de governo, enquanto A Utopia é uma narrativa fantasista, para ficar apenas no exemplo mais óbvio. Em grande medida, seus autores ignoravam as obras ou mesmo a existência uns dos outros. O que têm em comum é que, embora involuntariamente, todas contribuíram para a autonomização de uma esfera política, independente da religião (ou da moral). Há, em Maquiavel e More como em Lutero e Calvino, a afirmação da ideia de que a atividade política era um assunto dos homens, no sentido de que não havia qualquer ordem divina ou natural determinando como deveriam ser as instituições políticas. (Incidentalmente, “dos homens” também no sentido de que eles não questionavam a exclusão das mulheres da esfera pública, embora More seja uma exceção parcial quanto a este ponto.)
Um pouco mais tarde, na segunda metade do século XVII, a obra de Thomas Hobbes consolidou e fez avançar tais pressupostos. Radicalizando o projeto de alcançar uma compreensão realista da política, ele buscou aplicar o método das ciências naturais aos acontecimentos sociais. A partir de um entendimento de base sobre a natureza humana e as condições de origem da sociedade, seria derivada logicamente a receita para a melhor organização do Estado. Em particular, e a despeito de sua simpatia pelo governo absoluto, Hobbes foi crucial para estabelecer a origem popular do poder e para determinar que a sociedade deve existir para satisfazer as necessidades daqueles que a integram, e não mais o contrário.
Neste curso, será oferecida uma visão abrangente dos escritos políticos de Maquiavel, de More, dos reformadores e de Hobbes, servindo de guia para quem queira conhecer o pensamento político ocidental dos séculos XVI e XVII – e, a partir dele, compreender melhor os desafios de nosso próprio tempo.
Programa das aulas
AULA 1 – Maquiavel e seu tempo • Expansões e retrações no mundo europeu no período dos grandes descobrimentos • A política europeia e os conflitos italiano • A questão da igreja e a herança do pensamento político medieval
AULA 2 – O realismo político de Maquiavel • A ruptura entre política e moral • A relação entre fortuna e virtù • A concepção da história de Maquiavel • Política e valores • Interpretações do pensamento maquiaveliano
AULA 3 – Thomas More e a utopia • Igualdade, desigualdade e a questão da propriedade privada • A política como espaço da criação humana • A utopia entre democracia e totalitarismo • Linhagens do pensamento utópico
AULA 4 – A Reforma protestante • A relação entre religião e política • Fontes da autoridade política • A questão da liberdade de crença • A teoria política de Lutero e de Calvino • Os reformadores radicais • As guerras de religião e os Estados europeus
AULA 5 – O Estado absolutista • O projeto científico de Thomas Hobbes • O conceito de “estado de natureza” e o contrato social • Jusnaturalismo e individualismo • O conceito de soberania • A questão da representação • Hobbes e a democracia
Aspectos técnicos
As aulas serão transmitidas pelo Google Meet. As instruções para o acesso serão enviadas por e-mail dois dias antes do início do curso. Se você se inscrever nos últimos momentos, receberá essas instruções no dia da primeira aula.
Nossas aulas são transmitidas ao vivo, mas são também gravadas e podem ser assistidas posteriormente. Os links dos vídeos ficam ativos por 30 dias corridos a partir do fim do curso. Oferecemos certificado apenas para quem tiver 75% de presença nas aulas ao vivo.
Para mais informações: [email protected]
Ministrado por
Luis Felipe Miguel
Professor titular livre do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê), e pesquisador do CNPq. Publicou, entre outros, os livros Democracia e representação: territórios em disputa (Editora Unesp, 2014), Dominação e resistência (Boitempo, 2018) e Democracia na periferia capitalista: impasses do Brasil (Autêntica, … Continue lendo “Luis Felipe Miguel”
Aulas
AULA 1 – 07/04
das 19h às 21h
AULA 2 – 08/04
das 19h às 21h
AULA 3 – 09/04
das 19h às 21h
AULA 4 – 10/04
das 19h às 21h
AULA 5 – 11/04
das 19h às 21h