A medicalização da infância como estratégia biopolítica
CURSO MINISTRADO POR: Sandra Caponi
VAGAS: Fora
CARGA HORÁRIA: 3h
DIAS DO CURSO: 19/03/2025 - 19h às 21h
A medicalização da infância está atravessada pela lógica de antecipação e prevenção de riscos, um dos eixos centrais da biopolítica das populações enunciada por Michel Foucault.
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Ementa do Curso
No ano 2024, a prestigiosa revista científica JAMA Psychiatry publicou um artigo de Kieling e colaboradores, onde se apresentam dados alarmantes sobre o incremento de transtornos mentais na infância e na adolescência. Um fenómeno que parece ter-se agravado com a experiencia do isolamento acontecido na pandemia de Covid-19. Os autores concluem que deveria aumentar-se o investimento em saúde, destinado à prevenção e tratamento precoce dos transtornos mentais na infância.
Mas, será que devemos aceitar esses dados sem questionamento? Será que o aumento dos transtornos mentais na infância, e sua consequente medicalização e farmacologização, pode ser homologado ao aumento de outras doenças como o sarampo, ou a diabetes infantil? A palavra doença denota o mesmo quando referida a diabetes ou a depressão?
A palestra propõe problematizar esses processos de medicalização e psicofarmacologização da infância, questionando os pressupostos da patologização dos comportamentos e das emoções de crianças e adolescentes. A medicalização da infância está atravessada pela lógica de antecipação e prevenção de riscos, um dos eixos centrais da biopolítica das populações enunciada por Michel Foucault.
É pela lógica do risco que se tornam cada vez mais difusas as fronteiras entre normalidade e patologia psiquiátrica, se multiplicam novos diagnósticos intermediários e se sustenta a obsessão por identificar pequenos signos anunciadores de uma patologia grave por vir, já nos primeiros anos de vida. Afirma-se que, se as crianças que apresentam sintomas de algum transtorno, como TDAH ou TOD, não são devidamente tratadas e medicadas, poderão surgir problemas psiquiátricos graves e irreversíveis na vida adulta. Essa lógica do risco possibilitou o aumento de diagnósticos psiquiátricos na infância, assim como a medicalização e psicofarmacologização de sus comportamentos e emoções.
A palestra estará destinada a analisar o processo de medicalização da infância, tomando dois exemplos privilegiados: O TOD (Transtorno de oposição e desafio) e a depressão infantil. Em ambos os casos será analisada a construção do diagnóstico, a partir de uma perspectiva histórico-epistemológica. Analisaremos também as terapêuticas psicofarmacológicas indicadas: no primeiro caso a Risperidona, no segundo os ISRS. Serão apontadas as dificuldades e problemas apresentados por essas terapêuticas, integrando as vozes e os discursos dos expertos por experiencia.
Aspectos técnicos
As aulas serão transmitidas pelo Google Meet. As instruções para o acesso serão enviadas por e-mail dois dias antes do início do curso. Se você se inscrever nos últimos momentos, receberá essas instruções no dia da primeira aula.
Nossas aulas são transmitidas ao vivo, mas são também gravadas e podem ser assistidas posteriormente. Os links dos vídeos ficam ativos por 30 dias corridos a partir do fim do curso. Oferecemos certificado apenas para quem tiver 75% de presença nas aulas ao vivo.
Para mais informações: [email protected]
Ministrado por
Sandra Caponi
Doutora em Filosofia. Professora titular do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina- Pesquisadora de CNPq. Atualmente é coordenadora do Projeto Capes- Cofecub, convenio com Paris VIII, denominado “A disseminação dos saberes expertos no domínio da Infância” e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Bioética- Regional Santa Catarina (SBB-SC).
Aulas
AULA 1
Data: 19/03/2025
Horário: das 19h às 22h
