Mbembe para além da necropolítica

CURSO MINISTRADO POR: Victor Galdino

VAGAS: Fora

CARGA HORÁRIA: 8h

DIAS DO CURSO: 19, 20, 21 e 22/04/2021 - 19h

 

É inegável que o conceito de necropolítica tenha se tornado a parte da filosofia de Achille Mbembe mais disseminada e aplicada em pesquisas no Brasil. A proposta aqui é olhar para outras partes de sua obra e mostrar sua pertinência para o tratamento de uma série de questões envolvendo raça e colonialidade.

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Ementa do Curso

É inegável que o conceito de necropolítica tenha se tornado a parte da filosofia de Achille Mbembe mais disseminada e aplicada em pesquisas, textos e discursos de variadas disciplinas no Brasil. A proposta aqui é olhar para outras partes de sua obra e mostrar sua pertinência para o tratamento de uma série de questões envolvendo raça e colonialidade.

O ponto de partida será o cenário colonial e o modo como Mbembe pensa sua construção e o drama que se desdobra nele, assim como seus efeitos de longa duração e aquilo que permanece não como consequência da violência colonial, mas como sua condição de possibilidade, permitindo que algo desse momento inaugural seja continuamente reencenado atualmente. A partir disso, veremos uma série de implicações da violência colonial e o modo como Mbembe enxerga alguns de nossos dilemas contemporâneos e suas possíveis saídas e resoluções.

Além disso, a filosofia de Mbembe será apresentada enquanto um diálogo constante com Frantz Fanon, já que o filósofo camaronês recorrentemente tenta lidar com questões abertas por Fanon que demandariam um olhar contemporâneo e atento às diferenças e continuidades entre colônia e pós-colônia.

Aula 1: A partilha colonial do sensível.

Mbembe propõe pensarmos a cena colonial como “uma série de vazios”. Nesta primeira aula, veremos como, na organização da sensibilidade social produzida pelo colonizador, esses esvaziamentos teriam operado como condição para o exercício ilimitado da fantasia europeia, abrindo espaço para o surgimento da raça como fenômeno material e imaginário ao mesmo tempo, dissolvendo a fronteira entre aparência e realidade.

Aula 2: Ontem e hoje, viver com e contra fantasmas.

A colônia pode ser entendida, a partir de Mbembe, como um mundo de fantasia, tanto do ponto de vista do colonizador que encontra nela a possibilidade de realização de todo e qualquer desejo, como no sentido de que a racialização confere uma dimensão fantasmagórica à vida. A sobrevida dessa fantasmagoria no cotidiano da pós-colônia é o tema desta aula.

Aula 3: Na carne e nos nervos.

Mbembe tem como intenção escrever uma história do poder inseparável de uma história dos sentidos, propondo uma escrita mais voltada à sensibilidade que à razão. Que linguagem pode ser tida como apropriada para explorar a experiência vivida do poder da perspectiva de corpos racializados? Veremos os métodos e linguagens que ele usa para construir essa história, as motivações e implicações dessa abordagem do poder na colônia e na pós-colônia.

Aula 4: Por uma ética da mobilidade.

Um dos desafios que Mbembe coloca para nossos tempos, ainda que suas contribuições estejam mais focadas no continente africano, é imaginarmos um mundo sem fronteiras. Nesta conclusão do curso, veremos como o problema da organização espacial e da mobilidade se encontra com a demanda por um mundo livre do “fardo da raça”, recuperando o espírito da luta fanoniana na cena contemporânea.

 

BIBLIOGRAFIA

FANON, Frantz.

Les Damnés de la Terre. Préface de Jean Paul-Sartre; Préface d’Alice Cherki et postface de Mohammed Harbi. Paris: Éditions La Découverte/Poche, 2002. Paris: François Maspero, 1961, 1968.

Os Condenados da Terra. Prefácio de Jean-Paul Sartre. Tradução de José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

Peau noire, masques blancs. Paris: Éditions du Seuil, 1952.

Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Sebastião Nascimento e colaboração de Raquel Camargo; prefácio de Grada Kilomba; posfácio de Deivison Faustino; textos complementares de Francis Jeanson e Paul Gilroy. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

MBEMBE, Achille.

“Achille Mbembe in conversation with Isabel Hofmeyr. In: South African Historical Journal, 56:1, p. 177-187, 2006.

“A ideia de um mundo sem fronteiras”. Em: serrote, #31, março/2019. Disponível em: https://www.revistaserrote.com.br/2019/05/a-ideia-de-um-mundo-sem-fronteiras-por-achille-mbembe/.

Crítica da razão negra. Tradução de Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1 edições, 2018.

Critique de la raison nègre. Paris: Éditions La Découverte, 2013.

De la Postcolonie: Essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine. Paris: Éditions Karthala, 2000.

On the Postcolony. Berkeley, Los Angeles, London: University of California Press, 2001.

Políticas da inimizade. Tradução de Marta Lança; revisão de L. Baptista Coelho. Lisboa: Antígona, 2017.

Politiques de l’inimitié. Paris: Éditions La Découverte, 2016.

“‘The Reason of Unreason’ – In Conversation: Achille Mbembe and David Theo Goldberg on ‘Critique of Black Reason’”. Theory, Culture & Society. Disponível em: https://www.theoryculturesociety.org/blog/interviews-achille-mbembe-david-theo-goldberg-critique-black-reason.

Sair da Grande Noite: Ensaio sobre a África descolonizada. Tradução de Fábio Ribeiro. Petrópolis: Vozes, 2019.

Sortir de la Grande Nuit: Essai sur l’Afrique décolonisée, suivi d’un entretien avec l’auteur. Paris: Éditions La Découverte/Poche , 2013.

 

 

 

Ministrado por

Victor Galdino

Bacharel, Mestre e Doutor em Filosofia pela UFRJ e formado no Corpo Freudiano – Escola de Psicanálise. Integrante do Laboratório Filosofias do Tempo do Agora (Lafita/UFRJ). Organizador do livro “Experimentos de filosofia pós-colonial” (Editora Filosófica Politeia) junto de Claudio Medeiros, para o qual também contribuiu com o ensaio “Aquilombamento imaginal / Realismo esclarecido”. Pesquisa temas … Continue lendo “Victor Galdino”

Aulas

AULA 1
Data: 19/04/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 2
Data: 20/04/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 3
Data: 21/04/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 4
Data: 22/04/2021
Horário: das 19h às 21h